“Surprise que causeroit la découverte d’un Livre Egyptien.”

SÉCULO XVIII

GÉBELIN – Antoine Court de Gébelin, (1725 -1784), historiador francês renomado, escreveu em 1781, no oitavo de nove volumes da sua enciclopédia chamada “Monde primitif, analysé et comparé avec le monde moderne” (“Mundo Primordial, Analisado e Comparado com o Mundo Moderno”) que o Tarô tinha origem egípcia. Essa conclusão se deu após os seus primeiros 15 minutos de contato com o baralho, como atestam as palavras dele: “… Num espaço de 15 minutos, examinei o baralho inteiro… declarando sua origem egípcia…”. Ele afirmou também que o nome “tarô” era idioma egípcio e deu sua tradução como “estrada real”.  Essa foi uma conclusão precipitada, pois 40 anos depois de sua declaração, em 1822, veio a conclusão dos trabalhos de decodificação da escrita egípcia, (hieróglifos), por meio de Jean-François Champollion (1790 – 1832), “o pai da egiptologia” e nenhuma tradução veio a confirmar isso. 

Outras contribuições:

Gébelin acreditava que o Tarô fazia parte dos ensinamentos do deus egípcio Thot e por isso chama o Tarô de “O livro de Thot” uma alusão ao deus egípcio do conhecimento e da luz, criador da escrita e do calendário egípcios. Afirmava que com a passagem do tempo, as imagens haviam sido adulteradas e adaptadas para a cultura europeia cristã.

Chama a carta da Torre, arcano XVI, de “Chateau de Plutus” (casa de Plutão) para designar o inferno.

Associou o naipe de paus com a agricultura, o naipe de moedas com o comércio, o de espadas com os soberanos e o de copas com o clero.

As virtudes cardeais estão entre os arcanos maiores do Tarô. O baralho traz a “Temperança”- arcano 14, a “Força”- arcano 11 e a “Justiça” – arcano 8,  três das quatro virtudes cardeais. A Prudência, a quarta virtude, não aparece no Tarô. Para incluí-la, Gébelin vira o arcano 12, apoia o pé da figura do enforcado no chão, folga o laço que o prende e passa a chamá-lo de Prudência.

GEBELIN PRUDENCIA.jpg

Chamou os trunfos (arcanos maiores) de atouts.

Uma contribuição de outro estudioso,o Conde de Millet ao estudo do Tarô foi publicada em forma de ensaio na enciclopédia de Gébelin “Monde primitiv, analysé et comparé avec le monde moderne”. Neste ensaio, algumas letras do alfabeto hebraico são associadas a arcanos maiores; a letra tau, a ultima das 22 letras do alfabeto hebraico, é atribuída ao Louco. Neste mesmo ensaio, o conde afirma que os árabes transmitiram o baralho de Tarô para os espanhóis.

O conde de Millet acreditava também que os arcanos maiores contavam a história da criação do mundo, começando de trás para frente, a partir do arcano 21. Ele então dividiu os arcanos em 3 eras – a era de ouro (do Mundo ao Diabo), a era de prata (da Temperança à Justiça)  e a era de ferro (do Carro até o Mago). Nesta visão, o Louco representaria o estágio atual do homem.

Court de Gebelin acreditava numa cultura ancestral comum a toda a civilização e imaginava que o Egito teria sido esta cultura primordial.