Os pensamentos, os sentimentos e os desejos formam um núcleo de funcionamento onde um estimula o outro. Não podemos, por meio da vontade, controlar diretamente os sentimentos, mas podemos influenciá-los indiretamente através dos pensamentos.

Sentimentos e Pensamentos

Por trás dos sentimentos estão os pensamentos. Os pensamentos despertam os sentimentos. Pensamentos saudáveis despertam sentimentos saudáveis. Pensamentos doentes despertam sentimentos doentes. Assim também as conclusões tiradas a respeito das circunstâncias da vida podem se consolidar em crenças, em “verdades pessoais” que despertam sentimentos correlatos. As conclusões que tiramos a nosso respeito afetam a nossa autopercepção e autoestima. O amor próprio é bastante influenciado por pensamentos a respeito do valor que temos para os outros e para nós mesmos.

Desejos e Pensamentos

Os desejos ativam os pensamentos. Os desejos são emocionais, sensoriais e estão relacionados com o prazer e a dor. O desejo de sentir novamente um prazer aciona o pensamento. A mente, então é usada para planejar uma estratégia de ação visando a obtenção deste prazer.

Da mesma forma, o desejo de não sentir uma dor aciona o pensamento. Então, o pensamento é usado para planejar uma estratégia de ação visando a evitação ou fuga da dor física ou emocional.

Sofrimento, dor e frustração

Três de Espadas

A dor física não se torna necessariamente um sofrimento emocional. É o caso da dor da picada de uma agulha na inoculação de um antídoto que salvará uma vítima de envenenamento, por exemplo. Neste caso, a dor da picada da agulha pode ser até motivo de contentamento. No entanto, há casos em que a dor emocional pode causar uma dor física. Dores assim são chamadas de sintomas psicossomáticos.

Desejos não alcançados podem gerar sofrimento emocional. Frustrações são sentimentos de não satisfação de desejos. O entendimento racional da situação afeta o tipo e a intensidade dos sentimentos relacionados com a experiência da frustração e pode trazer alívio.

Como lidar com o sofrimento emocional

Vontade – É preciso querer deixar a situação de sofrimento e suas vantagens secundárias.

Razão – Usar o raciocínio para investigar e compreender melhor as associações e conclusões enganosas que compõem a crença básica da questão. O pensamento é o fio condutor.

Sentimento – Os sentimentos podem ser encarados como sinalizadores dos conflitos interiores, dos desejos, das crenças e pensamentos.

Ação – Sua vida não mente, ela é o vetor resultante de vários fatores conscientes e inconscientes. O processo de mudança deve vir acompanhado por ações.  Dê um passo inicial para marcar sua intenção. Faça um movimento simbólico como, por exemplo, cortar o cabelo, escrever uma carta, fazer um ritual, declarar em voz alta o seu desejo. Materialize a sua vontade de cura. Dar vida às mudanças faz movimentar toda uma estrutura doente que precisa ser substituída por movimentos naturais e saudáveis.

Anestesiar os sentimentos

É comum anestesiarmos os nossos sentimentos, num movimento de defesa, com a intenção de nos distanciar do sofrimento emocional. Nestes casos, à medida que a dormência do coração aumenta, as cores da vida ficam mais pálidas e desbotadas, a vida perde a cor e o cinza se instala. Dor e prazer são sentidos pelo mesmo coração, se ele está anestesiado, deixa de sentir tanto um quanto o outro.

Outro risco do entorpecimento dos sentimentos é a instalação do estado de insensibilidade. A apatia emocional, a indiferença, o descaso, o desamor nos aproximam do egoísmo e da solidão, além de nos colocar mais próximos da crueldade. Quem não sente a própria dor não consegue ter empatia para sentir a dor do outro.

Por meio dos sentimentos é possível identificar os pontos de dor que precisam de cura, a desconexão com os próprios sentimentos dificulta essa autoavaliação do estado interior, o que afasta a cura. É possível curar o que  se pode sentir, por isso a importância de sentir todos os sentimentos.

Somente a restauração do fluxo natural dos sentimentos pode restabelecer o equilíbrio e trazer de volta a alegria.

O Medo e a Raiva

O medo e a raiva fazem parte do mecanismo de defesa do ser. São reações emocionais disparadas em situações de estresse diante de uma ameaça. O medo estimula a fuga e a evitação diante de um risco, enquanto a raiva estimula o enfrentamento e a luta diante de uma ameaça. Tanto um quanto o outro são úteis e importantes para a sobrevivência diante dos perigos reais.

Costumamos usar o mesmo mecanismo de defesa para lidar com “ameaças emocionais”. Uma ofensa, uma rejeição, um risco de abandono, uma possibilidade de perder o emprego podem disparar ora a raiva ora o medo, dependendo da maneira como interpretamos os fatos da vida.

Nove de Espadas

O medo e a raiva também costumam encobrir uma antiga ferida e sua respectiva dor emocional. As defesas surgem diante do risco desse ferimento emocional ser tocado e começar a doer. Ao se curar a ferida emocional, as defesas (medo e raiva) somem, pois não há mais risco de dor.

Ressignificação

É possível mudar o que sentimos mudando o que pensamos. A vontade não age diretamente sobre os sentimentos, não podemos amar ou odiar apenas porque assim o queremos, mas o pensamento age diretamente sobre os sentimentos.  O que pensamos sobre uma pessoa, a nossa opinião sobre ela influencia diretamente a nossa simpatia ou nossa antipatia em relação a ela.

O significado que damos aos eventos que vivenciamos faz toda a diferença no modo como lidamos com o que nos acontece, por isso ressignificar eventos antigos com novos olhos costuma mudar os nossos sentimentos a respeito do passado e pode trazer mais conforto ao presente.