DESCRIÇÃO
O Carro apresenta uma forma quadrangular e se encontra na posição frontal. Em cada canto do carro sobe uma haste na qual estão fixados os tecidos coloridos que formam a cobertura da carruagem. À frente do carro estão dois cavalos ornamentados. Dentro do carro, em pé está um jovem coroado que segura um cetro com a mão direita enquanto a mão esquerda descansa na altura da cintura. O rapaz usa a parte superior de uma armadura de guerra bastante colorida e ornamentada que lhe veste o tronco e os ombros. Tanto o jovem quanto os cavalos tem o olhar em direção à direita. O carro está parado e as rédeas dos cavalos não aparecem nas mãos do nobre rapaz.
ASSOCIAÇÕES
1) O TRIUNFO ROMANO
Na Roma antiga, o “ triunfo romano” era uma honraria prestada a um comandante militar em razão de uma vitória excepcional na guerra. Essa homenagem pública começava com um desfile. O cortejo partia do Campo de Marte, passava pelo arco do triunfo (porta triumphalis) na entrada da cidade, seguia por vários pontos importantes para cumprir os ritos da cerimônia e finalizava no Templo de Júpiter onde dois bois brancos eram sacrificados para a divindade.
Assim, como nos arcanos maiores, a sequência das alas do desfile seguia uma ordem de importância. O desfile começava com aqueles de menor status social e fechava com o grande homenageado ao final. Desfilavam prisioneiros, aliados, soldados, carroças com armas e tesouros, animais exóticos vindos das terras do derrotado, pinturas retratando os episódios da guerra, senadores e juízes romanos, a guarda pessoal e por fim, o general acompanhado por seus filhos e seus soldados que cantavam em sua homenagem.
O “triunfador”, título vitalício recebido pelo homenageado, no dia do desfile, aparecia vestido com uma toga trabalhada em ouro, toda pintada à mão na cor púrpura. Uma coroa de louros sobre a cabeça e botas vermelhas nos pés completavam o traje. Esta túnica concedia, a quem a usasse, um valor de realeza, um status quase divino.
O triunfo promovia o nome e aumentava a influência política do general. O comandante mandava cunhar moedas triunfais de ouro e prata com a imagem de seu rosto e as distribuía entre o povo a fim de propagar sua fama por todo o império; além disso, financiava obras públicas e proporcionava banquetes, jogos e diversão para o povo.
2) O CARRO DE MARTE
Muitos triunfos foram realizados em primeiro de março, dia dedicado ao aniversário de Marte, deus romano da guerra. O deus aparece na carta 45 do Tarocchi di Mantegna, de 1460, sentado em seu carro sem cavalos.
3) ACEITAR AS HONRARIAS COM HUMILDADE
O homenageado seguia em procissão pelas ruas da cidade, acomodado em seu carro triunfal puxado por 4 cavalos. Durante toda a homenagem, apesar da imensa glória que o momento oferecia, o “vir triumphalis” (expressão latina que significa – o homem de triunfo), deveria demonstrar humildade, afinal de contas, seus feitos excepcionais não visavam o autobenefício – foram realizados em nome do senado e para homenagear os deuses romanos. Relatos históricos contam que durante o desfile um acompanhante, de tempos em tempos, devia fazer um “memento mori” ao dizer: – Lembre-se de que você é mortal.
Quando estamos recebendo homenagens, a bordo do carro triunfal, a fama, o sucesso, a vitória, o êxito, a glória e o prestígio podem inflar o ego e abrir espaço para que a vaidade, a arrogância e o orgulho descambem em desatinos e exageros. Um bom antídoto para esses sentimentos de superioridade é a virtude da humildade.
“ Aquele que obtém uma vitória sobre outros homens é forte, mas aquele que obtém uma vitória sobre si próprio é todo-poderoso.” Lao Tsé
4) A FAMA VOA
Ao contrário do que possa parecer para algumas pessoas, a humildade não impede que a fama se espalhe, ao contrário lhe dá mais brilho. A expressão “Fama Volat” (a fama voa), aparece em alguns baralhos antigos e diz respeito àquelas pessoas que tendo iniciado uma carreira brilhante, se mantém discretas a respeito e, mesmo assim, a notícia de seu progresso se espalha.
“Portanto, todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” Mateus 23:12
5) O TRIUNFO DO TEMPO SOBRE A FAMA
É bastante divulgado, o conto “ISSO TAMBÉM PASSARÁ” de autor desconhecido, que conta sobre um rei que pediu um conselho aos sábios. Eis o conto:
ISSO TAMBÉM PASSARÁ
Diz a lenda que um rei pediu um anel especial aos sábios de sua corte:
– Quero que vocês fabriquem um anel precioso e ocultem nele uma mensagem que possa me ajudar em momentos de desespero. Essa mensagem tem que ser muito breve para poder ser escrita no anel.
Aqueles eruditos haviam escrito grandes tratados, mas não sabiam como criar uma mensagem de duas ou três palavras que pudesse ajudar o rei nesses momentos em que ele considerava que essa ajuda poderia fazer a diferença.
O monarca tinha um velho criado que lhe disse:
– Não sou nenhum sábio, nem um erudito, mas conheço a mensagem que você busca, porque um sábio compartilhou comigo há um tempo.
O velho escreveu três palavras em um pequeno papel, o dobrou e o entregou ao rei com a advertência: “Não o leia, mantenha-o escondido no anel. Abra-o somente quando você sentir que tudo deu errado e quando não encontrar saída para a sua situação”.
O momento chegou quando o reino foi invadido e o rei teve que fugir a cavalo para salvar sua vida enquanto seus inimigos o perseguiam. Ele chegou a um lugar onde o caminho terminava na beira de um precipício. E então ele se lembrou do anel. Ele o abriu, tirou o papel e ali encontrou a seguinte mensagem: “Isso também passará“.
Enquanto lia aquela frase, os inimigos que o perseguiam se perderam no bosque depois de errar o caminho, e logo ele deixou de ouvir os trotes dos cavalos. Depois daquele sobressalto, o rei conseguiu reunir o seu exército e reconquistar o reino.
No reino houve uma grande celebração que se prolongou por vários dias. O monarca quis compartilhar a alegria com o velho, a quem foi logo agradecendo por aquela pérola de sabedoria. Ele lhe contou como aquelas palavras o haviam ajudado a impedir que os inimigos descobrissem sua posição e a não se atirar por aquele precipício quando tudo parecia perdido.
O velho, enquanto sorria porque entendia a alegria do rei, pediu a ele:
– Agora volte a olhar a mensagem.
Ao ver a expressão de surpresa do rei, que custou perceber a idoneidade daquele momento para aquela mensagem, explicou: “Essa mensagem não é somente para situações desesperadas, mas também para as prazerosas. Não é só para quando você se dá por derrotado, ela também serve para quando você se sente vitorioso. Não é só para quando você é o último, mas também para quando você é o primeiro”.
O rei abriu o anel e leu a mensagem: “Isso também passará”. Então, e só então, compreendeu a profundidade daquelas palavras.
O conto nos lembra que a fama não dura para sempre e que, como nos famosos versos de Francesco Petrarca (1304 – 1374), poeta italiano, autor de “I Triumph, o tempo triunfa sobre a fama.
6) COLOCAR ALGUÉM NO CARRO TRIUNFAL
Colocar alguém no Carro Triunfal é homenagear, aplaudir, premiar, condecorar, presentear, dar distinção para essa pessoa. Isso geralmente acontece para reverenciar um feito de valor. Hoje em dia, para saudar campeões nos esportes, o CARRO do corpo de bombeiros desfila com os atletas que conquistaram vitória em competições internacionais como a Copa da Fifa ou as Olimpíadas. Vemos o CARRO alegórico, no desfile de carnaval, carregar nas alturas o destaque da escola de samba. Acontece também quando o CARRO presidencial leva o presidente recém- eleito até o congresso para a sua posse no cargo.
Colocar alguém no carro triunfal é o mesmo que colocá-lo num pedestal. É elevá-lo acima dos demais e colocar a si mesmo na condição de admirador ou seguidor. É comum o admirador exercer a função de Carro Triunfal em relação aos astros da música, dos esportes, do cinema, da internet, das artes ou das ciências. Alguns apaixonados também elevam o ser amado até o alto de um pedestal onde o supervalorizam e colocam a si mesmos no andar de baixo nas prioridades, dando ao amado o papel que é seu – o de protagonista da própria vida.
Alguns pais exaltam seus filhos sem que estes tenham mérito que justifique este tratamento. É preciso sabedoria para não prejudicá-los com excesso de mimos ou deixar que se comportem como pequenos tiranos por se acharem merecedores de todas as benesses.
7) O CARRO como VEÍCULO
Na mitologia greco-romana, muitos deuses apareciam puxados por seus carros, ou seja, os astros do firmamento. Essa representação do carro como corpo e veículo da alma também aparece na figura do Merkabah.
8) O CARRO e o STATUS SOCIAL
Os carros de luxo são símbolos de poder econômico e social. Muitas pessoas misturam o “ter” com o “ser” e chegam a contrair dívidas pesadas apenas para ostentá-los.
“Status é comprar coisas que você não quer, com o dinheiro que você não tem, a fim de mostrar para gente que você não gosta, uma pessoa que você não é.” Geraldo Eustáquio de Souza
9) O CARRO e a DUALIDADE
Muitos baralhos mostram cavalos em oposição, isso pode simbolizar a dualidade. Nestes baralhos, algumas pessoas associam o cavalo ou esfinge branca com o caminho da luz e o cavalo ou esfinge preta com o caminho sem luz. Assim, nesta associação, o arcano VII pode representar o livre arbítrio do condutor na escolha entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre o justo e o injusto etc.
10) O CONDUTOR
Em muitos baralhos de tarô do tipo Surrealistas ou fantasia, o homenageado é representado como o condutor. Nessa representação, o simbolismo do arcano VII muda. A ênfase se dá na ação, no movimento e no livre arbítrio do condutor.
Estes baralhos dão ênfase à ideia de movimento, de seguir adiante com a própria vida. São baralhos nos quais o condutor simboliza o protagonista e sua capacidade de autodeterminação e autonomia para escolher que caminho seguir na vida.
MENSAGEM
A vitória e a fama são consequências das suas escolhas.
CONSELHO
Conduza a sua vida de maneira honrada e aceite as justas homenagens, o reconhecimento pela vitória alcançada e os elogios com humildade e agradecimento.
PALAVRAS-CHAVE
Vitória, triunfo, êxito, fama, receber honrarias, homenagens, premiação, veneração, condecoração e aplausos.