As corrente de força, assim como os rios e córregos, percorrem seus canais de maneira harmoniosa e saudável. Assim também faz o sangue, que percorre o corpo desempenhando suas funções essenciais. No entanto, se, por algum motivo, esse equilíbrio se perde e o sangue corre fora das veias e artérias, a vida está em risco. O mesmo acontece se a água transborda, se a terra desliza, se o ar se enfurece. Em todos esses casos há risco para a vida.

Os cavaleiros, de modo geral, são representados em movimento, em direção aos seus propósitos. Mais maduros que os pajens, eles dispõem da força de seus cavalos para ajudá-los a ir mais longe e mais rápido. Eles seguem seus caminhos de desenvolvimento pessoal, mas, às vezes, erram na intensidade de suas ações.

O Cavaleiro de Paus desenvolve a força de vontade. Quando a força de vontade ganha muita intensidade, a ponto de se tornar obsessão, obstinação, teimosia ou birra, a força dessa pressão faz com que a vontade escape dos seus canais saudáveis de manifestação e, como uma fagulha de fogo, que escapa da lareira, onde aquecia, pode vir a causar um grande incêndio.

O Cavaleiro de Espadas desenvolve a força do pensamento. Às vezes, os pensamentos obsessivos tomam a mente de assalto e as preocupações podem causar insônia. Outras vezes uma discussão já vivida fica voltando e voltando à mente. Nestes casos, é comum de a resposta que não demos na hora adequada ecoar em nossa mente enquanto visualizamos, de novo e de novo a cena como gostaríamos que tivesse sido. Esses comportamentos retratam a pressão dos pensamentos quando ganham força como se fossem um ciclone.

O Cavaleiro de Copas, que desenvolve os sentimentos, pode vir a fazer uma tempestade num copo d’água, ter uma reação emocional desproporcional à ação que, segundo ele, motivou seu destempero e depois afogar-se em lágrimas.

O Cavaleiro de Ouros pode somatizar tudo isso e desenvolver uma doença como uma úlcera gástrica ou um câncer. Aliás, o câncer, nada mais é, do que nossas células que perderam o controle.

Quando os cavalos saem em disparada ou correm em círculos, é o Rei, com sua autoridade e disciplina, quem detém estas forças. O Rei tem o poder para dizer NÃO ou dizer que PAREM e ser atendido. Mas é a Rainha, a energia mais apropriada para reconduzir estas forças ao equilíbrio. As rainhas conhecem as rotas, o ritmo, a intensidade natural das correntes. São as rainhas que acalmam, acolhem, pacificam e podem reconduzir estas forças de volta aos seus leitos naturais.

Assim , quando os cavalos empinarem e saírem em galope desarvorado, devemos usar da autoridade do rei para retomarmos o controle sobre nossa vontade, nossos pensamentos, nossas emoções e sintomas. Esse é o primeiro passo para ajudarmos os nossos cavaleiros interiores a voltarem ao equilíbrio. Em seguida devemos receber a ajuda das rainhas. Devemos aceitar a serenidade da Rainha de Espadas, o chazinho quente da Rainha de Ouros, o abraço acolhedor e carinhoso da Rainha de Copas e, por fim, aceitar a autoconfiança e acreditar que vamos superar tudo isso, como garante a Rainha de Paus.